sábado, 10 de dezembro de 2016

E se o Vitória estivesse em primeiro lugar?



Um dos procedimentos mais elementares de quem ousa pensar um pouco sobre o mundo é o de criar hipóteses que permitam analisar os fatos por ótica diversa da corrente.

No caso do Campeonato Brasileiro de 2016, que amanhã se encerra, parece-me interessante pensar em que ponto estaríamos todos nós caso o Vitória da Bahia estivesse em primeiro lugar no certame.

Será que somente o Internacional estaria interessado nas questões contratuais do zagueiro do clube baiano?

Obviamente que não.

Essa hipótese serve para ilustrar como é mentirosa a ladainha em que incorrem muitos brasileiros justos, que, hoje, sob a lógica de Sérgio “PSDB” Moro, pensam que julgamentos atabalhoados, não respeitantes do Direito, podem prevalecer de qualquer maneira e à revelia da objetividade de fatos comprováveis.
   
O Sport Club Internacional, juridicamente, está muito bem assessorado, e conta, no campo do Direito e da Justiça, com muito mais chance de sucesso do que no campo, local em que, em minha modesta opinião, não merece a 17ª colocação, mas a lanterna.

Ocorre que, apesar do rotundo fracasso do time colorado em campo, as normas subscritas pelos 20 clubes do Brasileiro incluem, sim, o correto registro de jogadores na Confederação Brasileira de Futebol. Se os homens que comandam a própria Confederação desprezam as normas que eles próprios deveriam ser os primeiros a observar, é porque há algo errado, para além da objetividade das normas, e protegido na subjetividade dos cariocos (alô, Fluminense!) detentores do poder futebolístico do Brasil.



Tanto é verdade que a subjetividade e o jeitinho carioco prevalecem que um dos maiores desafetos da Confederação acariocada, o paulista e parcial cientista social corinthiano, Juca “2005 é o meu 1976” Kfouri, sempre pronto a pichar o Sport Club Internacional em qualquer circunstância, desde que perdeu o Campeonato Brasileiro de 1976 em Porto Alegre, ou seja há 40 anos, agora reza, em seu blog, para que o circo pegue fogo, inclusive cinicamente elogiando o Internacional, com o óbvio intuito de transformar o clube em cavalo de batalha de suas próprias aspirações. Essa espécie de apoio eu agradeço.

É certo que Carvalho e Piffero, com o adendo de Alex, fizeram mau uso da retórica e escorregaram em uma sequência de frases infelizes, todas elas decorrentes do despreparo intelectual de que são vítimas. Como já comentei com meu amigo Henze na postagem anterior, bastaria um mínimo conhecimento de Wittgenstein para não abrir a boca em hora errada.

Piffero e Alex sequer deveriam falar, pois carecem de luzes.

Carvalho, apesar de falastrão e parvalho, não comparou o problema do Internacional à tragédia/crime que envolveu a Chapecoense. Apenas citou dois fatos incomparáveis, a queda do avião e o rebaixamento, em sequência, no plano sintagmático do discurso. Porém, a imprensa, naquele furor de vender o que produz, de obter seu quinhão de cliques, fez uso da fala de Carvalho, justamente aquela que começava por “além da tragédia da Chapecoense...”, para dizer que estava ele comparando a desgraça dos catarinenses aos fatos futebolísticos do Colorado. Não foi assim. “Além de”, como disse Carvalho, remete a outra coisa, a outro grupo de coisas, distinto do primeiro citado. 



Apesar disso, o outrora grande dirigente do Clube do Povo deveria ter sido mais discreto e evitar falar sobre coisas meramente futebolísticas logo depois de falar de coisas muito delicadas, como a morte (dolosa, diga-se de passagem) dos atletas catarinenses. Nem mesmo o pedido de desculpas adiantou, pois a imprensa, mormente a ESPN, guiada pelo recalcado Kfouri, aproveitou-se do fato para denegrir a imagem do Sport Club Internacional tanto quanto possível perante o Brasil inteiro.

Os estragos estão, em certa medida, feitos. Os nobres cidadãos brasileiros de 2016, em sua correção e imparcialidade sérgiomoriscas, hoje condenam tudo e todos mesmo sem provas. É o que quer fazer com o Internacional boa parte dos leitores das páginas de esportes: mandar o time não só à segunda divisão, mas ao esgoto da ética e da moral, seja pelas falas dos Diretores do clube, seja por uma tese esdrúxula, armada pelos "homens" da CBF, de que e-mails emitidos pela própria CBF, usados pelo advogado do Colorado na ação que busca demonstrar a irregularidade da contratação do zagueiro baiano, seriam falsos. 



Ocorre, senhores, que esses pulhas não terão êxito em seu intento. Uma coisa é o nadir do futebol do Internacional, inegável; outra coisa é a hombridade e o caráter de seus torcedores, que erguerão novamente o clube, assim como já ergueram, por conta própria, o Gigante da Beira-Rio, estádio pertencente ao clube, e não ao poder público, como são o Maracanã, o Mineirão e outros montes de concreto, cimento e merda mais moderninhos, construídos às expensas do dinheiro alheio para o pão e circo dos asnos.

Justamente,
Dom Ciffero





terça-feira, 29 de novembro de 2016

Luto - Chapecoense

Estou de luto, em razão da tragédia hoje ocorrida com o avião que levava os jogadores da Chapecoense.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Acordei-me em queda



Primeiramente, é de se destacar o compulsório uso do pronome posposto ao verbo no título deste pôsto. É claro que os ignorantes acham que o pronome não faz diferença, mas somente o acham porque são o que são: ignorantes.

Segundamente, como diria Odorico, e já involuntariamente remetendo pelo advérbio à provável divisão em que nos encontraremos em 2017, acordar-se com a sensação de que há algo de novo no ar nem sempre é alvissareiro, ainda mais quando o novo é tredo.

Sim, a traição perpetrada pelas escolhas de uns poucos homens que comandam o Internacional consagrou-se ontem por meio da farsa de um gôlo roubado, é verdade, mas nem por isso imerecido. A equipe vermelha jogou como se vestisse rosa, comportou-se como um cão sem dentes, só rabo entre as pernas, e, mais uma vez, perdeu, como costumeiramente fez neste Brasileiro.

É triste ver a moçada e a massa torcedora, nem sempre jovem, sofrerem como se não houvesse vida no pós-Internacional. Ainda que não concretizado o rebaixamento, parece ser ele inevitável, e nem mesmo o mais astuto dos técnicos poderá, em sã consciência, obter dois resultados positivos em dois jogos quando se trata do Internacional de hoje. Se há esperanças, são menores do que pensamos.

Mas não esmoreçamos. Como disse, as escolhas foram feitas por alguns poucos asnos, convictos de suas certezas burras para sempre, como sói acontecer aos asnos. Quem conhece a vida não age sem estar aberto à mudança e à dúvida.

Perspectivamente, creio que muito do trabalho dos blôgos colorados restará pausado. De minha parte, o silêncio em 2017, tomara que não em 2018, parece-me ser a atitude mais acertada. Deixemos a fala para quem nunca teve nada a dizer.

Deouvidosmoucamente,
Dom Ciffero

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Fora Cocôrinthians! Dá-lhe Cocôritiba! Viva o Cocôlorado!

Neste último sopro, escatológico, de vida, somente o humor de Ciffero de Parvalho pode nos salvar!

Não creio em milagres, mas pode ser que, em um surto de loucura, o novo técnico da esquadra alvi-rubra consiga fazer o time do Internacional jogar, também em surto.

A vitória hoje, aliada a mais uma vitória contra o Cruzeiro no Beira-Rio, e a uma vitória do Coritiba sobre o Derrota-BA, poderá trazer-nos de volta à luz, direto das trevas em que estamos jogados desde que nossos diretores resolveram acreditar em seres desprovidos de inteligência ludopédica.

Temos, portanto, de torcer para o imponderável time do Internacional, sempre, e para uma vitória do Coritiba na próxima rodada.

Acreditemos, irmãos! Hoje estarei fardado com o vermelho da camisa do Internacional diante de meu velho Telefunken e ao som de Never say die!

 Caixadepandoramente,
 Dom Ciffero

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Ponte (preta) para o futuro



Aproxima-se o dia 17/11, momento no qual enfrentaremos o time menos vencedor do Brasil, ou de Campinas. Sim, para quem não sabe, a Ponte Preta jamais venceu campeonato algum, ao passo que o Guarani já foi até campeão brasileiro, em 1978.

Há maus agouros no ar, todos dizem, e isso é ruim, mas pauto-me pela razão, e não por predições, e o saldo é igualmente mau. Explico: um áugure poderia vir aqui dizer que, pelo fato de estarmos prestes a enfrentar o menos vencedor dos times brasileiros, a Ponte Preta, estaríamos como que "atraindo" para nós o espírito da derrota, rumo, nas atuais circunstâncias, ao rebaixamento. Isso é ver as coisas pontualmente demais, descoladas de sua história...

Minha visão, contrariamente a esse caráter pontual, é eminentemente racional, e o é desde sempre, como se pode ver, por exemplo, no pôsto do início deste ano em que comparei o Internacional ao Figueirense. Depois, insisti eu a meus amigos que o Internacional deveria ser chamado de Figueirense-RS, mas fui solenemente ignorado, em nome, creio eu, de um coloradismo radical ou de uma carência de antevisão deles, antevisão com a qual, ao contrário, fui abençoado.

Percebam que não só estava eu certo em meu prognóstico, mas também os fatos acabaram por colocar na tabela, grudados um no outro, os três times treinados por Argel Fucks and Fucks (Vitória, Internacional e Figueirense), os quais só não serão rebaixados em conjunto porque há Américas e Santa Cruzes...

Na condição de torcedor, é claro que gostaria de ver o Internacional sobreviver aos mandos e desmandos de Piffero et caterva. Porém, como ser racional que pensa com razoável profundidade o mundo ao seu redor, tenho a impressão que o destino ludopédico do outrora Clube do Povo é mesmo a ponte preta para o futuro. Assim como é o destino de quem trabalha em um país governado por economistas geniais e por financistas altruístas, agora sob a batuta externa de um tramposo.

Depois de viver meio século, não é digno de um homem, no bom e antigo sentido do termo, espantar-se com baboseiras de homúnculos.  Há muitos deles por aí e, para mim, todos passam e eu fico. Somente eu sou essencial a mim mesmo, se é que me entendem...

Por isso, dizia eu, não me espanto com as asneiras alheias nos blôgos em que atuei: quando Ciffero de Parvalho surgiu, o intuito era justamente o de purgar a arrogância e a prepotência de dois de nossos presidentes, hoje mais vivos do que nunca nas dependências do clube, ainda que estejam em seus estertores. Dom Ciffero foi muitas vezes mal compreendido, em geral acusado de "fake" por seus detratores quando estes não tinham argumentos para o debate. Ora, mas quanta verdade saía da boca de Ciffero e quanta mentira, quanta falsidade sob a forma de logorréia acéfala vinha da boca de seus desafetos! Diante disso, qualquer julgador isento daria ouvidos à voz sábia de Dom Ciffero, que, cumpre ressaltar, hoje apenas espera o momento certo para desintegrar-se, juntamente com a derrocada de Vitorio e Fernando...

Não há mais sentido na ironia dispensada aos dois "gênios" do futebol colorado. Eles próprios liqüefizeram-se, mostraram seus limites de jecas provincianos, transformaram-se em dejeto líquido, transmutaram, enfim, o Clube do Povo na água barrenta e pútrida do Guaíba.

Desencarnadamente,
Ciffero de Parvalho

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Ode aos asnos



Que os asnos pululam pelo País e, extensivamente, pela blogosfera colorada, todos sabemos.

Asnos de cabeça exata, centrados em números, levam sua condição de asno ao paroxismo, apesar da instrução formal recebida: costumam acreditar no fetiche quantitativo de estimativas e, não raro, quebram a cara, como no caso da recentíssima eleição de Trump. Ainda assim, preferem o fetiche dos números ao bom senso. Ora, se os números são assim tão precisos, como pode o erro não ter sido detectado?

É claro que o pensamento tacanho logo virá dizer que as pesquisas norte-americanas estavam todas contaminadas pelo interesse político contrário a Trump. Esse argumento é desonesto por princípio, já que os mesmos pensadores tacanhos, os ingênuos que levam Olavo de Carvalho ao pé da letra, sempre fazem uso de qualquer fato ocorrido no além-México como modelo e epítome do que há de mais nobre sobre a Terra. Por que não o fazem agora? Por que não louvam os números das pesquisas da pátria amada americana?

O, digamos, "discurso numérico", é dizer, a crença mítica e obtusa na quantificação, e não na qualidade, é que logo descamba para a lógica da "engenheirização" do mundo, para a crença de que o ensino secundário, por exemplo, deve ser eminentemente técnico e de que todos devem ser preparados para o mercado de trabalho, esse lugar tão belo, tão humano e isento de exploração do homem pelo homem. Pensar intransitivamente, para os asnos, é secundário, ato de vagabundo, no mau sentido do termo.

Nesse contexto, é claro, os epígonos do pensamento técnico contam e muito com o apoio da turba sofredora, ou seja, dos trabalhadores honestos carentes de pensamento refinado, é dizer, dos humanos reduzidos a gado pelas maravilhas do sistemão. O sujeito nasce pobre e ascende pelo seu próprio esforço, pelo trabalho braçal e sem muito esforço intelectual além daquele necessário a saber fazer um bom negócio. Como exigir desse sujeito, senão com o auxílio da filosofia, algo diferente de pensar que todos devem fazer o mesmo que ele, se ele mesmo não tem ferramentas intelectuais para pensar o outro além de seu curto horizonte de expectativas?

É por isso que as Ciências Humanas não penetram a mente da horda. Eles estão completamente cegos e conformados em ser e agir conforme a lógica da mais estrita alienação, sem saber, é claro, que vivem alienados.

Em resumo, o pensamento técnico é muito bom para a construção de pontes e edifícios, mas, para os destinos da humanidade, é apenas uma seta rumo à robotização acéfala. Enquanto um deus humano, como Dom Ciffero, não estiver com os poderes na mão, não haverá salvação. Acreditai.

Aleluiamente,
Dom Ciffero

domingo, 23 de outubro de 2016

Nal-Gre, Arena Lixão, Porto Alegre, 23/10/2016, 17h

x GFPA

Mais um clássico na Arena, desta feita com favoritismo ao time de pijamas. Contudo, considerados os milagres com que fomos abençoados nos últimos jogos, tudo poderá acontecer.

Obviamente,
Dom Ciffero

domingo, 16 de outubro de 2016

Internacional x CBFlamenglobo, Beira-Rio, 16/10/2016, 17h.




É hoje que veremos se o time cocôlorado faz jus à sílaba extra que ao adjetivo pespeguei ou se tomará jeito de time, com "T" (maiúsculo).

Para variar, não há muito o que dizer. É sempre a mesma sina: torcemos con alma para um time desalmado, para guerreiros trôpegos, como o tal  Genérico, e para vovôs cansados, como Alex e Ceará.

Do outro lado, teremos diante de nós o conglomerado CBF, Globo & Flamengo, ensandecido por alcançar uma possível liderança do certame. Sem dúvida, é jôgo para penalidades máximas favoráveis ao time da Gávea.

Contudo, apesar da negra tarde que se anuncia, conclamo o torcedor de fé a acreditar na vitória. Pode ser que Deus exista e justifique o nosso desejo agnóstico.

Caixadepandoramente,
Dom Ciffero

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O reino da mediocridade



Já é lugar-comum explicar ao leitor desavisado que o uso do termo "medíocre", hodiernamente, tem conotação que não tinha no mundo de antanho.

"Medíocre", na origem, qualificava o que era mediano, comum. Hoje, qualifica, pejorativamente, o que é ruim, fraco.

Se pensarmos no Internacional de 2016, vem-nos à mente a acepção pejorativa do termo, a não ser é claro que sejamos Carvalho, Roth ou Piffero, que, por obrigações de ordem profissional, estão como que obrigados a mentir ao público deslavadamente.

Parece-me impossível não cair em um rosário de repetições quando falamos do futebol do Clube do Povo: já apontei alhures, em outras plagas blogueiras, as deficiências de nossas laterais; já fustiguei com a ferina vara de que disponho a ruindade de nossos zagueiros; já escarneci da habilidade de nossos atacantes; já comparei o time ao Figueirense, enfim.

Ora, não só não agüento mais repetir a mesma ladainha, como não agüento mais debater sobre certezas com quem está repleto de convicções obtusas e sobrevive no "mercado". Explico: por que devo eu, um senhor em seu segundo meio século de vida, consternar-me e dar ouvidos a sonsos? O que é um homem que, digamos, no brilho da senectude, como o Dr. Ibsen Pinheiro, ousa dourar a pílula em nome de uma paixão, no caso clubística? Vender ilusões é uma arte com a qual não compactuo. Dê-se logo ao torcedor a verdade: somos o pior time do Brasileiro. Perdemos para todos, praticamente todos, inclusive América-MG e Santa Cruz.

Não prospera, portanto, a tese de que há muitos clubes ruins e que, por isso, não seremos rebaixados. NÓS somos os ruins, ou melhor, os piores!

Tal qual Salieri diante de Mozart no filme de Forman, somos invejosos do que não somos. Invejamos, na verdade, o que fomos em 75, 76, 79 e 06. Burramente, e louvando o pensamento mágico, pensamos durante muitos anos que a repatriação dos craques de 2006 por si só seria redentora de nossos pecados. Ainda hoje, acreditamos nessa balela e contamos com um Ceará gordo e um Alex de bengalas a puxar para baixo a nau que mal navegava.

Não queremos novos timoneiros, senão Baulão e Ernando. Concedemos-lhe, ó supremo orgulho pifferiano e carvalhal, a braçadeira de capitão. Equiparamos dois zagueiros de várzea ao grande Figueroa. Seremos perdoados?

O apelo piegas à torcida, a brincadeira com aquilo que as pessoas julgam mais importante em suas vidas, o vilipêndio da camisa de um clube outrora grandioso, tudo em troca dos negócios e da manutenção de uma lógica perdedora orgulhosamente mantida como correta por Diretores igualmente orgulhosos, e tolos, e burros, pois não sobreviverão eles próprios à terra arrasada que implantaram, tudo isso me enoja em nível tão alto quanto a mentira que todo dia me tentam vender na grande mídia, seja na política, seja na publicidade e na propaganda: eu nada compro senhores, senão livros. Já leram "A náusea", o "Corão" e "Os cus de Judas"?

Mitologicamente,
Dom Ciffero

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Blanco y negro


Uma homenagem de Dom Ciffero ao adversário de amanhã, na magnífica salada cubano-flamenca de Bebo y Cigala. Só para poucos.

Blanco y Negro

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Cinco contra um?




As estatísticas, dizem, são como um biquíni: revelam tudo, exceto o essencial. Vem-me à mente esse dito popular quando, ao analisar a tabela do Brasileiro 2016, deparo-me com os cinco adversários que o Internacional persegue, tal qual o cão da fotografia acima, no campeonato particular que disputa para escapar do rebaixamento:

Sport;
São Paulo;
Derrota da Bahia;
Cocôritiba;
Cruzeiro.

Ora, a essencialidade da coisa vai além desses cinco clubes desgraçados, companheiros de nosso Cocôlorado na luta inglória pela dignidade. Explico: não são bem cinco contra um, mas oito, já que a lista do senso comum não inclui:

Figueirense;
Ponte Preta para o futuro;
Chapecocôense.




Estamos, portanto, lutando contra oito clubes desgraçados. Somos, destarte, nove times horrorosos em busca de sete vagas. Somente dois, desses nove, juntar-se-ão a Santa Cruz e América na Série B 2017. 

Cabe a todo colorado acompanhar o desempenho dos oito clubes acima citados, em uma espécie de campeonato especial do fracasso: as nove babas.

Por fim, estatisticamente, folgo em dizer, o Internacional já cumpriu seu calvário. Nada pode ser pior do que ter navegado as águas da ruindade por tanto tempo... Parece-me que não há, pelo menos na frieza dos números, espaço para piorar mais. Assim, nas rodadas derradeiras do certame, outro clube deverá ocupar a posição que ora ocupamos, que é a de oitavo lugar entre as nove babas.

Essencialmente,
Dom Ciffero

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Rescaldo do jôgo - Internacional x Coritiba, 6/10/2016, Beira-Rio

Impressionante a mediocridade do Internacional ontem. Não obstante, o bom colorado (o torcedor, e não o clube, como indica a minúscula) foi capaz de emocionar-se ao final do jôgo, seja pela defesa de Muçulmano no pênalti dado por Errando, jogador de parcos recursos técnicos e intelectuais, seja no gôlo marcado por Mortinho, que tal qual Lázaro parece ter ressuscitado, no pênalti cavado por Genérico. 

O quadro, contudo, é grave, e o corpo colorado continua nas mãos do imponderável. Uma de minhas esperanças é que o estigma da ruindade se cole mais à alma de outro time do que à do nosso nas últimas nove rodadas. Não é possível que o Internacional perca tanto como vinha perdendo. Estatisticamente, creio que estejamos favorecidos no porvir. 

Em tempo, e perspectivamente: Contra o Botafogo, na Ilha do Governador, o time precisa jogar como se estivesse diante de um desafio no interior do Rio Grande, em campo pequeno  e ruim. Parece-me uma maneira razoável de assustar os sempre cordiais jogadores do clube adversário. 

Atenciosamente,
Dom Ciffero




quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Pré-jôgo: Clássico CoCô, Beira-Rio, 6/10/2016, 19h30


De maneira inovadora, este blôgo apresenta o "pré-jôgo", ao passo que outros blôgos trabalham apenas com "jôgo" e "pós-jôgo". Ora, a característica do bom pensador é antecipar fatos, e não comentá-los posteriormente. 

É claro que, nisso, não há nada a se confundir com o que os administradores de empresas de hoje chamam de "pró-atividade", uma categoria obtusa, em última análise, a serviço dos detentores do poder e da eterna escravização dos empregados. Porém, como o que mais há no mundo são "asnos" (palavra proibida alhures, mas livre aqui, eis que, na condição de leitor de Apuléio, dou-me o direito de invocar o personagem aquele que, de homem, passou a muar e, depois, a advogado), não é de espantar que, em um país carente de cérebros como este, quase todos comprem a linguagem da Administração como única. Exemplifico.

Na vida cotidiana, muitos pensam agir, atualmente, com cabeça de businessman, deduzindo que, com isso, estão bem administrando sua fortuna. Fortuna de pobre, é claro. Ora, olhai os lírios do campo... Voltai ao Evangelho, senão a Erico, gaúchos de meia pataca.

Pois bem, por falar em gaúchos, lembrei-me do plebiscito não realizado, o que transforma o clássico de amanhã em clássico brasileiro, e não sulista, como queriam os sonhadores xenófobos, detratores do bom pensar e da sabedoria de Tao Golin, que, direto de Passo Fundo, e não da Unisinos, como eu dissera algures, vem, aos poucos, iluminando a estreiteza escura do beco em que estão metidos os neurônios gaudérios.

Falo de clássico e, mais, falo do clássico "Cocô", em que Colorado e Coritiba enfrentar-se-ão, a meu ver, com favoritismo para o time alvi-verde e com placar de 2x1. Explico por quê: o Coritiba está em franca ascensão e, "animicamente" (copyright Celso DerRoth e Fernando Carvalho), vem com o moral necessário para derrubar os frouxos atletas que vestem o manto colorado hoje em dia. Verdade que é com desgôsto que trago toda essa metralhadora cheia de mágoas apontada em direção a Padre Cacique, mas não é mais possível aturar a desfaçatez e a ruindade lá imperantes. No fundo da alma, porém, este velho torcedor espera estar errado e arrepender-se, no genuflexório mais próximo, amanhã, depois do jôgo. Não queremos a segunda divisão, mas os fados e a razão para lá apontam, inexoravelmente.

Anti-ilusoriamente,
Dom Ciffero

domingo, 2 de outubro de 2016

Rescaldo do jôgo: Figueirense-RS 1 x 0 Figueirense-SC (1º/10/2016)


Eis que exsurge a mim a oportunidade de escrever, em dia de eleição, sobre o embate de ontem no Beira-Lagoa da Conceição entre as duas maiores forças do futebol ofensivo do Sul.

"Animicamente", como repetem a cada cinco segundos os próceres da Revolução Colorada, o time, dizem, apresentou-se muito bem. Ora, mas de que ânimo, ou alma, falam esses gênios de hoje, quando o que mais se vê em campo é um time ruim até a medula e com alma de cusco cagão?

Não vi em campo senão o tradicional amontoado argélico-rothiano, em que nenhum jogador se destaca, tanto fazendo que a pelota esteja com "a" ou "b", exceção talvez feita a Seijas. Os demais jogadores equivalem-se pelo que há de pior no futebol mundial, sendo a covardia, como disse eu próprio ontem aqui, o principal mote de quem não sabe o que fazer com o objeto esférico que percorre os gramados em busca das redes.

No Internacional-Figueirense de hoje simplesmente não há busca das redes. A bola passa da defesa ao ataque diretamente, como sempre. Os volantes são absolutamente ridículos. Até mesmo o execrado Williams fazia muito mais, sozinho, do que os dois homens de hoje, que são medonhos futebolisticamente e medrosos psicologicamente. Sobrou para Alex e Seijas a função de articular o jôgo, mas sem um elemento obsoleto na lógica rothiana, a bola. No futebol de DerRoth, a bola não existe. Alex já não tem mais o vigor de outrora e, inclusive, hoje tropeça no balão número cinco, como faz, diga-se en passant, o perna-de-pau Valdívia, a.k.a. "Genérico", há dois anos no Internacional. Seijas, ainda iludido pela mística de estar em um grande clube brasileiro, consegue aqui e ali demonstrar fulgores brandos de um futebol razoável. Mas é pouco. Uma só andorinha não faz verão. 

"Mortinho" (copyright Dom Ciffero, como aliás o são os termos "Errando", "Baulão", "Muçulmano", "Bobo", "Genérico", "Nabinho", "Nylon", "Vampiro" etc., imitados a rodo pelos blôgos cocôlorados) ontem apresentou um pouco de vontade e, surpresa, foi abraçar DerRoth, como se lhe agradecesse a oportunidade de jogar depois de uns oito meses encostado. Porém, um gôlo é pouco para a redenção. A morte é certa, Mortinho.

Não me encanta o show de luzes de celulares. Sou do tempo em que o brilho vinha dos isqueiros. Essa tentativa de aliciar a alma dos torcedores pela instigação de uma luta pela história do clube é um embuste. O futebol jogado é mesmo de segunda divisão e somente um Deus bem-humorado, um semelhante meu, enfim, poderá salvar o clube da derrota final. Contentem-se. É o abraço de Argel e de DerRoth ao povo colorado rumo a uma eterna Santa Catarina do balípodo oco. É pau, é pedra, é o fim do caminho.

Tomjobimmente*,
Dom Ciffero

* O fechamento do texto com um advérbio de modo terminado em "mente" é outro recurso criado e divulgado por Dom Ciffero e amplamente copiado na blogosfera colorada... Se fosse receber pelos direitos de suas criações, Dom Ciffero estaria (ainda mais) rico.
Somente Dom Ciffero sabe ser Odorico.

sábado, 1 de outubro de 2016

Figueirense-RS x Figueirense-SC, Beira-Lagoa da Conceição, Porto Alegre-SC, 1º/10/2016, 21h.



É hoje, ladies, o tão esperado confronto definidor dos auspícios aos quais curvar-nos-emos em breve. Em partida contra o irmão homônimo catarinense, o time mais covarde já montado pelo Sport Club Internacional vai a campo na expectativa de uma vitória que, para a alegria de muitos, o manterá na zona do rebaixamento, mas com duas vitórias a mais do que o cocô-irmão da Ilha (isso, prognosticamente é, para a Direção, fundamental, "animicamente").

Como se vê, é alentadora a perspectiva hodierna da torcida alvi-rubra, que está singrando os mares do Brasileirão rumo à liderança (entre os rebaixados). Não há, faz muito tempo, algo relevante a dizer sobre a ruindade do time e a mediocridade da Direção. Nem os mandarins de outrora parecem ter a embocadura que um dia tiveram para tocar a flauta colorada como tocaria um Ian Anderson. São todos, hoje, senhores abraçados pela decrepitude e pela vida centrada nos êxitos do passado, ou seja, vivem descolados da realidade, imersos em um mundo só seu.

Dom Ciffero alertou aqui mesmo neste blôgo, em pôsto de maio, para os perigos do mindset argélico instaurado no Beira-Rio... Ouçam-me, jovens!

Preventivamente,
Dom Ciffero

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Adeus, Caçapava!

É certo que o tempo, com sua indefectibilidade, sempre virá a pregar-nos suas peças, ainda mais quando, à medida que envelhecemos, se nos torne cada vez mais exíguo.


O afunilamento natural da vida, o correr involuntário para o interior das quatro linhas do caixão, ocorre inexoravelmente todo e qualquer dia. Sabemos que o ontem já se foi e o que o hoje amanhã o será, mas, ainda assim, no presente, na hora, no minuto e no segundo em que se anuncia a morte de alguém com quem privamos de distintos momentos de nossa vida e por meio de quem construímos sonhos e mitos pessoais, é como se o tempo nos desse uma trégua em sua inexorabilidade, permitindo-nos naufragar seguros pelas ondas do passado, que se tornam, por mágica, perenes e que, com sorte, restarão materializadas por palavras gravadas na pedra: verba volant, scripta manent.


Hoje, morreu Luís Carlos Melo Lopes, vulgo Caçapava, jogador de meio-campo do Sport Club Internacional nos anos 1970, como é ocioso aqui explicar, já que fato sabido por todos e acessível até a quem tem como parâmetro de conhecimento apenas a Wikipédia.




Deve-se dizer, muito brevemente, apenas para ilustrar, que, em essência, Caçapava fazia as vezes de volante no grande time do Internacional de 1975 e 1976, o time bi-campeão brasileiro, apreciado por todos até hoje mesmo aqui no Centro do País. Quem pôde ver aquele time jogar, como já disse inúmeras vezes alhures, sabe o quanto lhe dói na alma ver o Internacional de hoje jogar. Não é questão de saudosismo. É questão de justiça.


Enfim, não quero tornar-me enfadonho aos olhos de quem não sabe ver e nem aos ouvidos moucos da juventude de hoje, centrada em ídolos alienígenas pela falta de telúricos. Caçapava era negro e gaúcho, originário do centro do Estado, de família humilde, como sói acontecer a quem traga, no fenótipo, as marcas da cultura a sobrepor-lhe a condição humana. Fisicamente falando, era o que chamamos, na linguagem futebolística, de “tanque”: um homem gigantesco e forte, como deviam ser os volantes de outrora no Rio Grande.


Caçapa, eis o termo em sua versão mais curta e íntima, tinha um fôlego de cinco homens comuns somados: portanto, com seus dez pulmões, não havia adversário que lhe escapasse. Jogava duro, mas não era desleal. Era, enfim, um guerreiro no melhor sentido da palavra, daqueles que, ao aparecerem em campo, trazem à mente a imagem de um gladiador acostumado a lidar com leões, tamanho o seu vigor e sua natureza. Vendo suas fotos mais recentes, em que, não raro, é acusado de ser “gordo” pelos papas do politicamente correto, temos nós, os antigos que o vimos de perto, a real medida da injustiça que é tentar denegrir-lhe a imagem por meio de um adjetivo dessa natureza. Caçapava não era gordo, nem, tampouco, obeso; era um homem de estrutura enorme, a quem ser outra coisa diferente do que foi até a morte não tinha sentido algum. Falo isso porque o conheci pessoalmente.

Nos idos dos anos 70, meus avós maternos moravam no mesmo prédio de apartamentos em que morava o próprio Caçapava, na Padre Cacique, quase em frente ao Beira-Rio. Eu, criança, pré-adolescente, ao visitar meus avós, tive a oportunidade de, certa feita, a convite de minha avó, receber, na casa dela, a visita do Gigante Caçapava, especialmente convidado para um jantar em que eu, um menino de 9 ou 10 anos, torcedor do Clube do Povo, seria apresentado a um de seus ídolos.

Quando se abre a porta e entra aquele negrão (o termo é aqui usado em sentido amistoso, como se podia fazer nos anos 70 sem medo de ser escorraçado por alguma brigada politicamente correta), eu me senti um anão, um inseto. De brincadeira, tive a oportunidade de dar um soco na perna do sujeito, a qual me pareceu feita de pedra. Recebi, em troca, ao final dos pratos servidos por minha avó, uma camisa autografada das mãos do próprio ídolo e um caderno com os autógrafos de todo o time de 1976 (vejam que relíquia!), ambos, infelizmente, perdidos, no descuido de alguma das várias mudanças familiares por que passamos... Reza a lenda familiar que meu avô e minha avó foram pessoalmente ao Beira-Rio, em dia de treino ou coisa que o valha, e com a anuência da Direção, acompanhados de Caçapava, não só colheram os autógrafos de todos os jogadores, como também fizeram com que cada um deles vestisse, por um segundo, a camisa com que viriam a presentear o neto, a fim de impregná-lo da alma colorada... No dia do jantar, lembro-me de perguntar a Caçapava o que se fazia nas “concentrações”, para mim, então, um termo incompreensível, e receber como resposta a explicação de que ficavam pensando em como derrotar os adversários ou descansando para tanto. Tratava-se, como se pode ver, de um homem simples, sim, e com a correta percepção do dever, além de ser gentil com os velhinhos.

Hoje, estão mortos meus avós e está morto o ídolo. Morreram-me até os pais, é verdade, mas restou o guri, que não se vai jamais, e que me acompanhará até o túmulo.


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P.S.: Venho, já há algum tempo, escrevendo apenas em meu Blôgo pessoal sobre assuntos relacionados ao Sport Club Internacional. Desta feita, porém, remeterei o texto também ao Ministro, supremo artífice do Blôgo Ludopédio Colorado, para publicação conjunta.

Imagens compiladas pelo Ministro.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

O Internacional de Santa Catarina



Sei que incorro em um lugar-comum ao evocar o futebol do estado vizinho como termo de comparação.    Porém, pelo que vemos em campo, e pelas contratações feitas, estamos mesmo diante do horizonte curto e estreito do jovem que adentrou a casamata colorada como se técnico de time grande fosse.

Figueirense e Avaí, os "grandes" clubes da capital barriga-verde, sempre caracterizaram-se pela pequenez: jamais conquistaram título de expressão. Chapecoense e Joinville (este já rebaixado) tampouco figuram no futebol nacional de maneira média. São clubes pequenos, que aqui e ali surpreendem, mas que, com o tempo, provavelmente voltarão à rotina de jogar, no máximo, para os manezinhos.

Ontem, ao ver o colorado em campo, senti-me torcendo para um time de nulidades que, pelo futebol de baixo nível, deveria vestir a camisa do Marcílio Dias. Não entendo por que um jogador como Anselmo é alçado à posição de titular. Ou melhor, entendo: com a campanha que fizeram, dizendo o quanto Anselmo se entrosara ao grupo em tão pouco tempo, disfarça-se mais facilmente a venda de Dourado.

Fucks, por sua vez, é um personagem comum, sem brilho, daqueles de que um Dostoiévski falava com tanto desprezo. Um homem que, ciente de sua mediocridade, tenta passar aos incautos a idéia de seriedade, de trabalhador incansável em busca de resultados. Ora, senhores, somente um milagre alçará esse time do Internacional ao título: seu lugar é o meio da tabela. Aproveitemos, então, as praias de nosso estado, certamente entre as mais belas do País. Neste final de semana, a dica é a Joaquina.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Impeachment suspenso (texto ampliado e editado)

Seus problemas acabaram!

Causou-me espécie o ato de Waldir Maranhão, homem desconhecido na poliTITICA brasileira, que acaba de anular a votação do impeachment de Dilmo. É uma vitória de Pirro do Governo, eu sei, mas não deixa de ser saudável observar os vampiros usurpadores ficarem sem sangue por mais uma temporada, ainda que curta.

Que espécie de País é este que tem um sistema jurídico que permite idas e vindas de tal nível? Naturalmente, acho o ato de Maranhão mais um exemplo da excrescência sob a qual vivemos, apesar de seu resultado até ser do meu agrado. Porém, ao contrário da mediania brasileira, não sou utilitarista, isto é, não quero ver prevalecer aquilo que me interessa, mas aquilo que é justo.

Boa parte dos néscios do Brasil, ou seja, 90% ou mais da população, julga que tudo que lhe é conveniente é o certo. A classe méRdia, então, é especialista em achar que suas mazelas são as mais profundas e, por isso, julga que as mudanças econômicas são urgentes: não podem abastecer o carro como dantes, coitados. Esquecem-se de que vivem em um país construído sobre a escravidão, por cima dela, com um passivo social gigantesco a sanar. Reclamam das benesses do bolsa-família e acusam os miseráveis de vagabundos, como, aliás, fazia FHC em relação aos servidores públicos e aos aposentados, sabendo que, no Brasil, percentualmente, há menos servidores públicos do que na pátria amada norte-americana e que aqui as pessoas morrem mais cedo, isto é, sem tempo para aproveitar a aposentadoria. Enfim, a classe méRdia brasileira é o exemplo clássico do filistinismo de que já falei alhures, traduzindo texto de Nabokov.

Neste País, independentemente do governante, sempre houve uma classe que se deu bem, a classe dos milionários, que fica cada vez mais rica. O PT ousou, além de tratar bem os milionários, alimentar os miseráveis, e é odiado pela classe méRdia, que gostaria que o dinheiro do bolsa-família fosse usado com ela, certamente em segurança pública contra o que chamam de "negrada".

Waldir Maranhão veio para desrecalcar-se da desfaçatez de Cunha, que o manteve sob suas asas como um cativo. Conchavou-se com o Governo, certamente. Mas e daí? Não eram esses conchavos espúrios, do outro lado, que, há pouco tempo, a tantos agradavam e tantos fizeram marchar pelas ruas perturbando o sono dos justos, batendo panela e vestindo camisa amarelo-caganeira? Agora agüentem.




quinta-feira, 28 de abril de 2016

A mortalidade dos imortais




Praticamente todos os dias, passo pela calçada da Academia Brasileira de Letras, no Centro do Rio de Janeiro. Lá tremula bandeira branca com letras verdes na qual se lê, em latim: "Ad immortalitatem". Pessoalmente, sempre achei ridícula essa pretensão à imortalidade de nossos intelectuais. Considero esse querer não morrer uma declaração de mediocridade, pois só o medíocre precisa viver sob a ilusão de que será um dia o que jamais foi. A imortalidade, nas Letras, ainda não parece ter chegado às terras tupiniquins. Talvez somente Machado fique para a posteridade, e não Scliares ou Lêdos Ivos. Comparados a Dante, Homero e Goethe, esses sujeitos que hoje tomam o seu chá na Presidente Wilson estão como pulgas para um cachorro.

Levada ao mundo ludopédico, a imortalidade foi adotada como moto de um certo clube provinciano gaúcho, clube medíocre por natureza, portanto afeto à aspiração metafórica de ser algo maior do que é na efetiva realidade. Por mais que percam, por mais que não evoluam nas competições de que são partícipes, os torcedores, dirigentes e jogadores do citado clube insistem, para o enfado de quem goza de algum discernimento, na tese de berrar aos quatro ventos que jamais morrerão. Ora, ninguém jamais esteve pregando a morte desses senhores: o que se quer, como adversário ou apreciador de futebol, é que voltem ao mundo dos vivos, no bom sentido, e que abandonem a fantasia triste de serem atropelados, entra ano e sai ano, pelas circunstâncias e pela escassez de títulos e, não obstante, julgarem tais circunstâncias apenas um estorvo no caminho perene e garantido da imortalidade de que se julgam, digamos, exclusivos proprietários.

Ontem, por absoluta curiosidade, postei-me diante do televisor, a fim de assistir como se comportariam esses deuses imortais do futebol, com seus pijamas listrados, diante dos humanos áureo-cerúleos de Rosario. Vi, mais uma vez, o vexame de não ganhar simples jôgo em casa. Isso tudo, diante de uma quase que total ausência dos imortais torcedores, que, talvez, tenham subido aos céus para comemorar algum título etéreo, com troféus de matéria cósmica e faixas espirituais, escusando-se, então, de estarem presentes em ambiente tão mundano quanto o de um estádio.

Os imortais da Academia, ainda que medíocres, ficam, ao menos, na memória de quem lhes quer ou quis bem. Já os imortais do futebol, estes, apesar de medíocres, não conseguem jamais estabelecer-se na memória afetiva de ninguém, nem mesmo de quem os aprecia, pois sua imortalidade é blefe, algo que sempre renasce, mesmo quando estão bem mortinhos, escravizada pela baixeza que habita o coração e a mente de seus detentores.

Quinzeanossemtítulosmente, 
Dom Ciffero

terça-feira, 19 de abril de 2016

O voto dos filisteus


O gaúcho taura já sabe do que se trata quando o negócio é o voto de seus conterrâneos no Senado. Daquela Casa, hoje, nada sai que não esteja referendado pelo patrão das margens do Dilúvio, exceto quando se trata de Paim.


Será triste ver o demagogo Lasier Pederneiras Barriodelsky trair as origens trabalhistas do PDT de Brizola, entregando seu voto às conveniências do todo poderoso Ar do Cu, o político que mais fede na atual conjuntura, e que, volatilmente, mantém-se vivo por todas as reentrâncias do Congresso.


Serão necessários 54 dos 81 votos no Senado, para, no pós-governo do Mordomo, a democracia e o Estado Democrático de Direito prevalecerem. De Ana Amélia e de seu companheiro gaúcho de Senado já conhecemos o caráter e a hombridade,  assim como conhecemos o nariz de um certo dançarino amigo, mineiro do Leblon.


Será necessário, talvez, um novo choque de bagos, para que Lasier passe a ser o que nunca foi: um discípulo do trabalhismo, e não um lacaio do filistinismo. 



Será necessário, talvez, na hora da votação, substituir a Senadora de brancos e sedosos cabelos, carente de neurônios, pela inteligência superior de sua gigantesca títere.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

O melancólico setor ofensivo do Internacional


Não há nada pior do que um time que joga por abdicar do momento culminante do futebol. Lembro-me que Carlos Alberto Parreira é o autor, ou não, da famosa frase: "O gol é só um detalhe". (Disse "ou não", na frase anterior, porque, como sabemos, Parreira plagiou textos de um autor inglês para difundir "seu" pensamento futebolístico. Sendo assim, tudo que vem de sua boca, está, para mim, fadado à desconfiança.) Mas, voltando ao ataque do Internacional, o que sinto, diante do que vejo, é mesmo um profundo sentimento de melancolia. Como sentir outra coisa diante do quarteto que nos é apresentado? São jogadores jovens, ainda, é verdade. Talvez até promissores. Porém, insisto: não estão qualificados para a titularidade, com exceção de Mortinho, quando inspirado. Sendo assim, parece-me que passaremos por mais um Campeonato com a síndrome do compasso de espera. O time não será agudo. Ao contrário, jogará na espera do erro adversário, pois não conta com um "matador", com alguém que tenha a alma de um Dario, Flávio Minuano ou Bira Burro. No atual contexto, até um Scocco me serviria, Rentería seria rei e Oséias majestade...

 


Nylon - Surgiu por geração espontânea no território gaúcho, com nome umbilicalmente ligado ao métier principal do jôgo, qual seja, o de ser composto da mesma matéria de que é feito, hoje, o barbante de outrora. O nylon, que se estufa à marcação de um gôlo, é a matéria que compõe as redes das cidadelas ludopédicas e o primeiro nome de nosso craque. Nessa toada, nosso center-forward foi bem e predestinadamente batizado. Resta apenas afeiçoar-se mais a converter gôlos, a fim de integrar-se cada vez mais à matéria-irmã que lhe deu forma, buscando a pelota junto a ela em todos os jogos. Caso consiga atingir a média de um gôlo por jôgo, subirá no conceito do torcedor colorado e passará, além disso, de guri a homem.

 


Bruno Baio - Como o nome indica, é mitologicamente atrelado a uma raça equina e nobre, seja pela altura, seja pela tonalidade da pele. Futebolisticamente, contudo, ainda está em fase de maturação, sendo preciso, portanto, ao torcedor, o cultivo da paciência. Vem sendo muito pouco aproveitado e, ao que parece, é visto como uma espécie de salvador da pátria que só entra em campo quando já atingimos o estado de chuveirinho eterno. Pela inépcia dos laterais, tem, portanto, ficado à míngua e, salvo engano, ainda não marcou com a camisa colorada.




Sasha - É a epítome da mediania. Tem altura média e joga um futebol médio. O fato de vestir a camisa 9 parece-me ser indicativo de maldade da Direção ou do treinador, pois a história de tal camisa no clube é por demais pesada para um jovem como Sasha. Contudo, o que de fato mais incomoda é sua estatura, de todo incompatível com a mítica que acompanha o número. Inevitável não lembrar, neste momento, de Fernandão. Sasha, enfim, deveria escolher jogar com o 19 ou coisa que o valha.

 


Mortinho - Quando está a fim de jôgo, é um jogador promissor. Conta com um belo chute de média distância, mas ainda necessita aprender a não transformar em tiro livre ao gôlo bolas que possam ser passadas a colegas mais bem colocados. De fato, não lhe fica mal a Camisa 11, sendo apenas necessário ao clube encontrar um 9 que lhe sirva de companhia ou referência. Precisa abandonar o pagode e comer mais churrascos na região da Campanha, para, com isso, melhor adaptar-se à sede do clube que lhe paga os salários. Além disso, não precisa sorrir desse jeito matreiro ao posar para fotografias institucionais.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Os meio-campistas do Clube do Pôvo

Aproximo-me do final da jornada de reconhecimento do elenco côlorado (observem o cacófato). São 36 jogadores presentes na listagem do clube, mais um, Seijos, que ainda não consta da lista, apesar de efetivamente contratado. Desses 37, não há sequer cinco jogadores que façam jus a vestir o uniforme titular do Internacional. Ainda assim, por insistência, e por devoção ao Clube do Pôvo, não me abstenho de trabalhar abnegadamente pela camisa que tantas alegrias já me trouxe. Prossigo, destarte, nesta inglória tarefa de mapeamento do vestiário alvi-rubro no pré-Brasileiro 2016. Enquanto isso, os blôgos comuns dedicam-se ao Gauchão.

Alex - Como a prefixação (a-lex) do nome indica, é jogador sem lei, ilegal, ilegítimo, indigno da camisa vermelha desde que renovou o contrato por valor considerado, por ele, baixo. Desde então, entrou em modo showball e faz todas as jogadas em câmera lenta, com pausa para o fotógrafo mais indolente retratá-lo mesmo sem o uso da velocidade correta. Está pronto para fazer carreira no Paraná Clube, ao lado de Nei e outros passageiros da agonia.



Alisson Farias - Despontou em 2015 e, em 2016, tenta mostrar a que veio. Sinceramente, ainda não me convenceu como jogador para o além-banco, isto é, está restrito ao Hades da casamata, de onde só deverá sair em caso de emergência. Contudo, se mostrar evolução, bastará dizer uma palavra e será por mim salvo.



Andersonso ou Sonso - É um jogador incompleto, pródigo em ludibriar mentes afetas ao misticismo e à enganação. Depois de salvar o cocô-irmão do terceiro rebaixamento, virou uma espécie de talismã da equipe bi-rebaixada. Incrivelmente, após uma temporada desastrosa pelo Manchester, onde comunicava-se por mimica, foi contratado pela Direção Colorada por salário altíssimo e sob o pretexto de ser jogador para ajeitar o meio de campo de uma equipe em frangalhos. Até o momento, mostrou muito pouco futebol e sequer poderia figurar como reserva de um time decente. Contudo, forças ocultas o colocam entre os titulares e, mais, entre os grandes jogadores do clube para este Brasileiro.



Andrigo - Parece ter alguma habilidade, mas a amostra ainda é pequena para a emissão de um juízo certeiro. Tanto poderá tornar-se um razoável meio-campista quanto um cabeça-de-bagre pronto para engrossar a sopa de um clube interiorano qualquer. Se o técnico fosse Falcão, certamente o jogador aprenderia alguns macetes da profissão. Sendo, contudo, Argel o comandante, é provável que se convença de que é preciso jogar, primeiro, como um volante grosso e, depois, como alguém que sabe tratar a pelota com o carinho de um Carpegiani.



Gustavo Ferrareis - Mais um jogador inexpressivo até o momento, porém com nome e sobrenome, o que é uma informação importante para quem preza diferençar uma geração de outra. Esclareço: antigamente os jogadores tinham apenas um nome, e não raro, apenas um apelido, muitas vezes infantil, como demonstra Wisnik em seu belo livro sobre futebol (Senão vejamos: Dadá, Dedé, Didi, Dodô, Dudu), e, não obstante, jogavam muito. Hoje, todos têm nome e sobrenome, mas não jogam nada. 



Gustavo Ramos - Jamais vi Gustavo Ramos jogar. Por isso, abstenho-me de opinar sobre seu futebol. Sei que o sobrenome é usado para evitar a confusão com G. Ferrareis. Em outros tempos, como disse, teria provavelmente o apelido ridículo de Gugu, mas saberia jogar. 



Marquinhos - É jogador experiente e com algum talento, aceitável para compor o banco, mas não mais do que isso. De fato, verdade seja dita, vem atuando pouco e é banco, mas o é apenas porque o treinador tem convicções próprias que talvez não sejam as mais convenientes quando se trata de futebol, ou seja: diante das nabas que têm jogado, talvez Marquinhos devesse ser titular.




Seijos - Tenho vaga lembrança de Seijos no time de trogloditas do Santa Fé, mas percebi que se trata de um jogador diferenciado, até mesmo por ser venezuelano. Ora, o fato de saber jogar na terra de Chávez, Chávez, Chávez é digno de nota. Acredito que, com sua experiência (tem 29 anos) e seu caráter (pelo que se lê no noticiário é um jogador de personalidade evoluída, muito além do caráter simiesco e circense de boa parte de nossos craques) virá a compor um bom meio de campo com algum dos nossos atuais atletas do setor. Caberá ao técnico saber destacar o melhor acompanhamento para Seijos, tal qual um chef escolhe um bom acompanhamento para um corte nobre. Por fim, cabe ressaltar que Seijos veste a camisa 10 do escrete venezuelano e não é Vampiro. 




Valdívia ou Wanderson - É difícil a escolha do melhor nome de guerra no caso em pauta. A opção pelo codinome chileno é marca da falta de referência de toda uma geração brasileira, carente de ídolos dignos de imitação. Isso para não falar das sandices dignas de um chimpanzé que a publicidade e a propaganda vêm implantando em seu (de Valdívia) cérebro. Wanderson tem alguns arroubos de jogador, mas, em geral, ainda tropeça na bola ao conduzi-la e tem o péssimo hábito de jogar de cabeça baixa. É o que eu sempre digo: esses meninos precisavam assistir uns tapes de Falcão jogando bola: ele só abaixava a cabeça quando, porventura, tinha de apanhar o balão no chão, com as mãos, para cobrar uma falta. Em resumo: Valdívia é um banco melhorado, quase pronto para jogar 45 minutos em jôgo importante.



Yan Petter - Não fosse pelo nome esdrúxulo, somente o corte de cabelo já seria motivo para demissão por justa causa e empréstimo imediato a um Juventude ou Brasil de Pelotas. Tanto em Caxias quanto em Pelotas aprenderia, com o frio, ou a jogar e deixar o cabelo crescer para proteger-se, no melhor estilo Valderrama (conquistando, assim, minha admiração) ou, então, raspá-lo-ia e adotaria a lógica gaudéria (observem o cacófato) de atuar de cabelo curtíssimo e como macho, isto é, sem ligar para a estética de salão de beleza da periferia da qual está, hoje, investido.