quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O reino da mediocridade



Já é lugar-comum explicar ao leitor desavisado que o uso do termo "medíocre", hodiernamente, tem conotação que não tinha no mundo de antanho.

"Medíocre", na origem, qualificava o que era mediano, comum. Hoje, qualifica, pejorativamente, o que é ruim, fraco.

Se pensarmos no Internacional de 2016, vem-nos à mente a acepção pejorativa do termo, a não ser é claro que sejamos Carvalho, Roth ou Piffero, que, por obrigações de ordem profissional, estão como que obrigados a mentir ao público deslavadamente.

Parece-me impossível não cair em um rosário de repetições quando falamos do futebol do Clube do Povo: já apontei alhures, em outras plagas blogueiras, as deficiências de nossas laterais; já fustiguei com a ferina vara de que disponho a ruindade de nossos zagueiros; já escarneci da habilidade de nossos atacantes; já comparei o time ao Figueirense, enfim.

Ora, não só não agüento mais repetir a mesma ladainha, como não agüento mais debater sobre certezas com quem está repleto de convicções obtusas e sobrevive no "mercado". Explico: por que devo eu, um senhor em seu segundo meio século de vida, consternar-me e dar ouvidos a sonsos? O que é um homem que, digamos, no brilho da senectude, como o Dr. Ibsen Pinheiro, ousa dourar a pílula em nome de uma paixão, no caso clubística? Vender ilusões é uma arte com a qual não compactuo. Dê-se logo ao torcedor a verdade: somos o pior time do Brasileiro. Perdemos para todos, praticamente todos, inclusive América-MG e Santa Cruz.

Não prospera, portanto, a tese de que há muitos clubes ruins e que, por isso, não seremos rebaixados. NÓS somos os ruins, ou melhor, os piores!

Tal qual Salieri diante de Mozart no filme de Forman, somos invejosos do que não somos. Invejamos, na verdade, o que fomos em 75, 76, 79 e 06. Burramente, e louvando o pensamento mágico, pensamos durante muitos anos que a repatriação dos craques de 2006 por si só seria redentora de nossos pecados. Ainda hoje, acreditamos nessa balela e contamos com um Ceará gordo e um Alex de bengalas a puxar para baixo a nau que mal navegava.

Não queremos novos timoneiros, senão Baulão e Ernando. Concedemos-lhe, ó supremo orgulho pifferiano e carvalhal, a braçadeira de capitão. Equiparamos dois zagueiros de várzea ao grande Figueroa. Seremos perdoados?

O apelo piegas à torcida, a brincadeira com aquilo que as pessoas julgam mais importante em suas vidas, o vilipêndio da camisa de um clube outrora grandioso, tudo em troca dos negócios e da manutenção de uma lógica perdedora orgulhosamente mantida como correta por Diretores igualmente orgulhosos, e tolos, e burros, pois não sobreviverão eles próprios à terra arrasada que implantaram, tudo isso me enoja em nível tão alto quanto a mentira que todo dia me tentam vender na grande mídia, seja na política, seja na publicidade e na propaganda: eu nada compro senhores, senão livros. Já leram "A náusea", o "Corão" e "Os cus de Judas"?

Mitologicamente,
Dom Ciffero

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