segunda-feira, 9 de maio de 2016

Impeachment suspenso (texto ampliado e editado)

Seus problemas acabaram!

Causou-me espécie o ato de Waldir Maranhão, homem desconhecido na poliTITICA brasileira, que acaba de anular a votação do impeachment de Dilmo. É uma vitória de Pirro do Governo, eu sei, mas não deixa de ser saudável observar os vampiros usurpadores ficarem sem sangue por mais uma temporada, ainda que curta.

Que espécie de País é este que tem um sistema jurídico que permite idas e vindas de tal nível? Naturalmente, acho o ato de Maranhão mais um exemplo da excrescência sob a qual vivemos, apesar de seu resultado até ser do meu agrado. Porém, ao contrário da mediania brasileira, não sou utilitarista, isto é, não quero ver prevalecer aquilo que me interessa, mas aquilo que é justo.

Boa parte dos néscios do Brasil, ou seja, 90% ou mais da população, julga que tudo que lhe é conveniente é o certo. A classe méRdia, então, é especialista em achar que suas mazelas são as mais profundas e, por isso, julga que as mudanças econômicas são urgentes: não podem abastecer o carro como dantes, coitados. Esquecem-se de que vivem em um país construído sobre a escravidão, por cima dela, com um passivo social gigantesco a sanar. Reclamam das benesses do bolsa-família e acusam os miseráveis de vagabundos, como, aliás, fazia FHC em relação aos servidores públicos e aos aposentados, sabendo que, no Brasil, percentualmente, há menos servidores públicos do que na pátria amada norte-americana e que aqui as pessoas morrem mais cedo, isto é, sem tempo para aproveitar a aposentadoria. Enfim, a classe méRdia brasileira é o exemplo clássico do filistinismo de que já falei alhures, traduzindo texto de Nabokov.

Neste País, independentemente do governante, sempre houve uma classe que se deu bem, a classe dos milionários, que fica cada vez mais rica. O PT ousou, além de tratar bem os milionários, alimentar os miseráveis, e é odiado pela classe méRdia, que gostaria que o dinheiro do bolsa-família fosse usado com ela, certamente em segurança pública contra o que chamam de "negrada".

Waldir Maranhão veio para desrecalcar-se da desfaçatez de Cunha, que o manteve sob suas asas como um cativo. Conchavou-se com o Governo, certamente. Mas e daí? Não eram esses conchavos espúrios, do outro lado, que, há pouco tempo, a tantos agradavam e tantos fizeram marchar pelas ruas perturbando o sono dos justos, batendo panela e vestindo camisa amarelo-caganeira? Agora agüentem.




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