Um dos procedimentos mais elementares de quem ousa pensar um
pouco sobre o mundo é o de criar hipóteses que permitam analisar os fatos por
ótica diversa da corrente.
No caso do Campeonato Brasileiro de 2016, que amanhã se
encerra, parece-me interessante pensar em que ponto estaríamos todos nós caso o
Vitória da Bahia estivesse em primeiro lugar no certame.
Será que somente o Internacional estaria interessado nas
questões contratuais do zagueiro do clube baiano?
Obviamente que não.
Essa hipótese serve para ilustrar como é mentirosa a
ladainha em que incorrem muitos brasileiros justos, que, hoje, sob a lógica de
Sérgio “PSDB” Moro, pensam que julgamentos atabalhoados, não respeitantes do Direito,
podem prevalecer de qualquer maneira e à revelia da objetividade de fatos
comprováveis.
O Sport Club Internacional, juridicamente, está muito bem
assessorado, e conta, no campo do Direito e da Justiça, com muito mais chance
de sucesso do que no campo, local em que, em minha modesta opinião, não merece
a 17ª colocação, mas a lanterna.
Ocorre que, apesar do rotundo fracasso do time colorado em
campo, as normas subscritas pelos 20 clubes do Brasileiro incluem, sim, o
correto registro de jogadores na Confederação Brasileira de Futebol. Se os
homens que comandam a própria Confederação desprezam as normas que eles próprios
deveriam ser os primeiros a observar, é porque há algo errado, para além da
objetividade das normas, e protegido na subjetividade dos cariocos (alô,
Fluminense!) detentores do poder futebolístico do Brasil.
Tanto é verdade que a subjetividade e o jeitinho carioco
prevalecem que um dos maiores desafetos da Confederação acariocada, o paulista e parcial cientista social corinthiano, Juca “2005 é o meu 1976” Kfouri, sempre pronto a pichar o Sport Club
Internacional em qualquer circunstância, desde que perdeu o Campeonato
Brasileiro de 1976 em Porto Alegre, ou seja há 40 anos, agora reza, em seu blog,
para que o circo pegue fogo, inclusive cinicamente elogiando o Internacional,
com o óbvio intuito de transformar o clube em cavalo de batalha de suas
próprias aspirações. Essa espécie de apoio eu agradeço.
É certo que Carvalho e Piffero, com o adendo de Alex,
fizeram mau uso da retórica e escorregaram em uma sequência de frases
infelizes, todas elas decorrentes do despreparo intelectual de que são vítimas.
Como já comentei com meu amigo Henze na postagem anterior, bastaria um mínimo conhecimento
de Wittgenstein para não abrir a boca em hora errada.
Piffero e Alex sequer deveriam falar, pois carecem de luzes.
Carvalho, apesar de falastrão e parvalho, não comparou o problema
do Internacional à tragédia/crime que envolveu a Chapecoense. Apenas citou dois
fatos incomparáveis, a queda do avião e o rebaixamento, em sequência, no plano sintagmático
do discurso. Porém, a imprensa, naquele furor de vender o que produz, de obter
seu quinhão de cliques, fez uso da fala de Carvalho, justamente aquela que
começava por “além da tragédia da Chapecoense...”, para dizer que estava ele
comparando a desgraça dos catarinenses aos fatos futebolísticos do Colorado.
Não foi assim. “Além de”, como disse Carvalho, remete a outra coisa, a outro
grupo de coisas, distinto do primeiro citado.
Apesar disso, o outrora grande dirigente
do Clube do Povo deveria ter sido mais discreto e evitar falar sobre coisas
meramente futebolísticas logo depois de falar de coisas muito delicadas, como a
morte (dolosa, diga-se de passagem) dos atletas catarinenses. Nem mesmo o
pedido de desculpas adiantou, pois a imprensa, mormente a ESPN, guiada pelo
recalcado Kfouri, aproveitou-se do fato para denegrir a imagem do Sport Club
Internacional tanto quanto possível perante o Brasil inteiro.
Os estragos estão, em certa medida, feitos. Os nobres
cidadãos brasileiros de 2016, em sua correção e imparcialidade sérgiomoriscas,
hoje condenam tudo e todos mesmo sem provas. É o que quer fazer com o
Internacional boa parte dos leitores das páginas de esportes: mandar o time não
só à segunda divisão, mas ao esgoto da ética e da moral, seja pelas falas dos Diretores do clube, seja por uma tese esdrúxula, armada pelos "homens" da CBF, de que e-mails emitidos pela própria CBF, usados pelo advogado do Colorado na ação que busca demonstrar a irregularidade da contratação do zagueiro baiano, seriam falsos.
Ocorre, senhores, que esses pulhas não terão êxito em seu
intento. Uma coisa é o nadir do futebol do Internacional, inegável; outra coisa é a
hombridade e o caráter de seus torcedores, que erguerão novamente o clube,
assim como já ergueram, por conta própria, o Gigante da Beira-Rio, estádio
pertencente ao clube, e não ao poder público, como são o Maracanã, o Mineirão e
outros montes de concreto, cimento e merda mais moderninhos, construídos às
expensas do dinheiro alheio para o pão e circo dos asnos.
Justamente,
Dom Ciffero
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