Aproximo-me do final da jornada de reconhecimento do elenco côlorado (observem o cacófato). São 36 jogadores presentes na listagem do clube, mais um, Seijos, que ainda não consta da lista, apesar de efetivamente contratado. Desses 37, não há sequer cinco jogadores que façam jus a vestir o uniforme titular do Internacional. Ainda assim, por insistência, e por devoção ao Clube do Pôvo, não me abstenho de trabalhar abnegadamente pela camisa que tantas alegrias já me trouxe. Prossigo, destarte, nesta inglória tarefa de mapeamento do vestiário alvi-rubro no pré-Brasileiro 2016. Enquanto isso, os blôgos comuns dedicam-se ao Gauchão.
Alex - Como a prefixação (a-lex) do nome indica, é jogador sem lei, ilegal, ilegítimo, indigno da camisa vermelha desde que renovou o contrato por valor considerado, por ele, baixo. Desde então, entrou em modo showball e faz todas as jogadas em câmera lenta, com pausa para o fotógrafo mais indolente retratá-lo mesmo sem o uso da velocidade correta. Está pronto para fazer carreira no Paraná Clube, ao lado de Nei e outros passageiros da agonia.
Alisson Farias - Despontou em 2015 e, em 2016, tenta mostrar a que veio. Sinceramente, ainda não me convenceu como jogador para o além-banco, isto é, está restrito ao Hades da casamata, de onde só deverá sair em caso de emergência. Contudo, se mostrar evolução, bastará dizer uma palavra e será por mim salvo.
Andersonso ou Sonso - É um jogador incompleto, pródigo em ludibriar mentes afetas ao misticismo e à enganação. Depois de salvar o cocô-irmão do terceiro rebaixamento, virou uma espécie de talismã da equipe bi-rebaixada. Incrivelmente, após uma temporada desastrosa pelo Manchester, onde comunicava-se por mimica, foi contratado pela Direção Colorada por salário altíssimo e sob o pretexto de ser jogador para ajeitar o meio de campo de uma equipe em frangalhos. Até o momento, mostrou muito pouco futebol e sequer poderia figurar como reserva de um time decente. Contudo, forças ocultas o colocam entre os titulares e, mais, entre os grandes jogadores do clube para este Brasileiro.
Andrigo - Parece ter alguma habilidade, mas a amostra ainda é pequena para a emissão de um juízo certeiro. Tanto poderá tornar-se um razoável meio-campista quanto um cabeça-de-bagre pronto para engrossar a sopa de um clube interiorano qualquer. Se o técnico fosse Falcão, certamente o jogador aprenderia alguns macetes da profissão. Sendo, contudo, Argel o comandante, é provável que se convença de que é preciso jogar, primeiro, como um volante grosso e, depois, como alguém que sabe tratar a pelota com o carinho de um Carpegiani.
Gustavo Ferrareis - Mais um jogador inexpressivo até o momento, porém com nome e sobrenome, o que é uma informação importante para quem preza diferençar uma geração de outra. Esclareço: antigamente os jogadores tinham apenas um nome, e não raro, apenas um apelido, muitas vezes infantil, como demonstra Wisnik em seu belo livro sobre futebol (Senão vejamos: Dadá, Dedé, Didi, Dodô, Dudu), e, não obstante, jogavam muito. Hoje, todos têm nome e sobrenome, mas não jogam nada.
Gustavo Ramos - Jamais vi Gustavo Ramos jogar. Por isso, abstenho-me de opinar sobre seu futebol. Sei que o sobrenome é usado para evitar a confusão com G. Ferrareis. Em outros tempos, como disse, teria provavelmente o apelido ridículo de Gugu, mas saberia jogar.
Marquinhos - É jogador experiente e com algum talento, aceitável para compor o banco, mas não mais do que isso. De fato, verdade seja dita, vem atuando pouco e é banco, mas o é apenas porque o treinador tem convicções próprias que talvez não sejam as mais convenientes quando se trata de futebol, ou seja: diante das nabas que têm jogado, talvez Marquinhos devesse ser titular.
Seijos - Tenho vaga lembrança de Seijos no time de trogloditas do Santa Fé, mas percebi que se trata de um jogador diferenciado, até mesmo por ser venezuelano. Ora, o fato de saber jogar na terra de Chávez, Chávez, Chávez é digno de nota. Acredito que, com sua experiência (tem 29 anos) e seu caráter (pelo que se lê no noticiário é um jogador de personalidade evoluída, muito além do caráter simiesco e circense de boa parte de nossos craques) virá a compor um bom meio de campo com algum dos nossos atuais atletas do setor. Caberá ao técnico saber destacar o melhor acompanhamento para Seijos, tal qual um chef escolhe um bom acompanhamento para um corte nobre. Por fim, cabe ressaltar que Seijos veste a camisa 10 do escrete venezuelano e não é Vampiro.
Valdívia ou Wanderson - É difícil a escolha do melhor nome de guerra no caso em pauta. A opção pelo codinome chileno é marca da falta de referência de toda uma geração brasileira, carente de ídolos dignos de imitação. Isso para não falar das sandices dignas de um chimpanzé que a publicidade e a propaganda vêm implantando em seu (de Valdívia) cérebro. Wanderson tem alguns arroubos de jogador, mas, em geral, ainda tropeça na bola ao conduzi-la e tem o péssimo hábito de jogar de cabeça baixa. É o que eu sempre digo: esses meninos precisavam assistir uns tapes de Falcão jogando bola: ele só abaixava a cabeça quando, porventura, tinha de apanhar o balão no chão, com as mãos, para cobrar uma falta. Em resumo: Valdívia é um banco melhorado, quase pronto para jogar 45 minutos em jôgo importante.
Yan Petter - Não fosse pelo nome esdrúxulo, somente o corte de cabelo já seria motivo para demissão por justa causa e empréstimo imediato a um Juventude ou Brasil de Pelotas. Tanto em Caxias quanto em Pelotas aprenderia, com o frio, ou a jogar e deixar o cabelo crescer para proteger-se, no melhor estilo Valderrama (conquistando, assim, minha admiração) ou, então, raspá-lo-ia e adotaria a lógica gaudéria (observem o cacófato) de atuar de cabelo curtíssimo e como macho, isto é, sem ligar para a estética de salão de beleza da periferia da qual está, hoje, investido.
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